Como Analisar Crédito de Clientes Pessoa Jurídica (PJ)

Avaliar o crédito de uma empresa requer mais do que documentos.
Introdução
Avaliar o risco de crédito de uma empresa requer mais do que documentos.
É preciso interpretar dados, compreender o contexto, e tomar decisões equilibradas entre segurança e estratégia comercial.
Neste artigo, apresentamos os critérios e práticas fundamentais para conduzir uma análise de crédito empresarial eficiente, técnica e estruturada.
A Base: Política de Crédito Formalizada
Antes de qualquer análise individual, a empresa precisa ter uma política de crédito clara, por escrito, acessível e aprovada pela diretoria.
É esse documento que estabelece as regras, os limites, os fluxos de aprovação e os critérios mínimos para concessão.
A política de crédito deve indicar:
- A documentação obrigatória por tipo de cliente (PJ, grupo econômico, fiadores);
- O fluxo da proposta: quem insere, quem analisa, quem aprova;
- As regras para exceções, limites de alçada e critérios de cobrança.
Sem isso, cada caso vira uma decisão subjetiva — e isso abre espaço para conflitos internos, decisões contraditórias e prejuízos operacionais.
Primeira Etapa: Conferência Documental
A análise começa com o recebimento da proposta e da documentação mínima:
- Contrato social, alterações, CNPJ;
- Identidade e imposto de renda dos sócios e cotistas;
- Comprovante de faturamento;
- Certidões negativas;
- Dados dos fiadores (quando exigidos);
- Documentação do grupo econômico (se houver).
É nessa fase que o departamento de cadastro realiza a triagem inicial, verificando se a documentação está completa e atualizada.
Segunda Etapa: Análise Técnica
Com os documentos em mãos, a proposta segue para o analista de crédito.
Aqui, a análise vai além da papelada: envolve leitura estratégica e interpretação de risco real.
O analista deve:
- Validar a consistência das informações fornecidas;
- Observar sinais de alerta (dados incompatíveis, baixa liquidez, endividamento);
- Analisar consulta de órgãos restritivos (SPC, Serasa, protestos, ações judiciais);
- Analisar o comportamento dos sócios em outras empresas;
- Avaliar a estrutura do grupo econômico, quando aplicável.
Um analista experiente não olha apenas o que está declarado. Ele lê o contexto e enxerga o que está por trás dos números.
Infográfico:

Terceira Etapa: Cruzamento com a Política
A proposta deve ser confrontada com os critérios da política de crédito.
Se o valor solicitado estiver dentro do limite de alçada do analista, ele pode aprovar. Caso contrário, encaminha para o superior hierárquico ou comitê.
Nessa etapa, é importante considerar:
- Histórico do cliente com a empresa;
- Sazonalidade da venda (Black Friday, fim de ano, expansão);
- Avaliação do vendedor (desde que documentada e justificada);
- Existência de garantias formais.
Quarta Etapa: Tomada de Decisão com Responsabilidade
A decisão deve sempre ser baseada em fatos, não em pressão comercial.
Em casos especiais — como empresas recém-abertas com sócios de alto patrimônio — a política pode prever exceções com aprovação superior.
Já em situações de alto risco, com inconsistências, blindagens jurídicas ou ausência de garantias, a negativa é a decisão técnica mais correta.
O Papel do Analista de Crédito
O analista de crédito é um profissional estratégico, não apenas operacional.
É ele quem garante que a empresa venda com segurança, sem travar o comercial, mas também sem expor o caixa.
Sua função exige:
- Conhecimento técnico;
- Visão crítica;
- Rigor processual;
- E sensibilidade para casos fora do padrão.
Empresas que contam com analistas experientes tomam decisões mais acertadas, protegem sua carteira e aumentam a capacidade de crescimento.
Conclusão
Analisar crédito de clientes pessoa jurídica é uma tarefa que exige método, critério e inteligência.
Não basta reunir documentos. É preciso entender o cliente, o mercado e os riscos que ele representa.
Com uma política clara, um fluxo bem definido e analistas preparados, a empresa transforma o crédito concedido em uma ferramenta de crescimento sólido e sustentável.